segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Como já cansamos de colocar aqui, a Rock Alive é uma união de pessoas que dão as mãos e buscam caminhar juntas, foi nesse espírito que Aldren Canuto se dispôs em correr para o show do B-Negão e Sound System quando descobriu que nem eu nem o Douglas poderíamos ir.

O cara foi atrás, com a cara, coragem e um guarda-chuva entrevistou o B-Negão e fez um relato vívido do que foi essa noite de som forte no Clube 28.

Abaixo você pode conferir a entrevista dada a Rock Alive com exclusividade nessa passagem do cara pela cidade em uma tarde de dilúvio, se liga na lição:

ROCK ALIVE: Cara, você lançou o disco “Enxugando o Gelo” em 2003, o disco foi disponibilizado na Internet recebeu vários prêmios e você se tornou um dos pioneiros no país a abraçar o conceito de copyleft.

Você acredita que a Internet democratizou a música com as facilidades de divulgação?

B-NEGÃO: Com certeza. A questão da Internet, antigamente as pessoas dependiam de um meio de comunicação que apresentasse as músicas ou de alguém, algum camarada que conhecesse um esquema trabalhasse em alguma agência de turismo ou fosse milionário e viajasse pra fora e pelo Brasil mostrando as músicas. Hoje em dia, graças a Deus é uma coisa que qualquer pessoa pode chegar junto.

RA: A pirataria vem prejudicando a indústria fonográfica e os artistas que fazem parte disso, você acredita que a Internet possa combater a pirataria? E até que ponto?

BN: Cara, uma parada que é foda é assim, um cara que ta falando contra a pirataria, primeiramente o cara tem que falar contra o jabá, essa parada de pagar pra tocar na rádio, isso com certeza prejudica 100% muito mais a música. Então assim, a maioria da galera que reclama da pirataria, é a galera que banca um jabá forte.

RA: Legal, e falando um pouco sobre música independente; Você que é um músico conceituado e reconhecido em todo país tocou e vem tocando em vários lugares e regiões do país. Como você vê a cena independente em todo o país hoje?

BN: Cara hoje em dia tem muita banda boa, e vem conseguindo fazer bons discos, até porque com a tecnologia de hoje você pode tirar um timbre legal sem precisar ta num estúdio caro, podendo fazer isso em casa e tal.

E também tem muita gente conseguindo fazer disco bom, mas não estão conseguindo “desaguar” isso, não tem radio, não tem muito meio, e a distribuição de disco ta cada vez pior, com toda essa confusão com esse negócio de disco indústria de disco e “blá blá blá” a pior parte é a distribuição aqui no Brasil., ta muito impressionantemente ruim isso ai, nossos discos você não sabe se vai conseguir chegar nas pessoas, a não ser se as pessoas forem nos shows pra pegar e tal, mas ta muito ruim.

RA: Antes da sua projeção com o Planet como você via a cena independente antes?

BN: Então, a cena independente na verdade o que aconteceu, nos anos 90 veio uma galera totalmente independente, uma galera que veio de k7, fita demo, que eram comercializadas nos shows e minha banda chegou a vender assim 3 mil fitas demo, e tinha umas bandas muito boas, muito boas mesmo, uma cena muito foda, de vários festivais clássicos que rolavam tipo, em campinas tinha o junta tribo, que é clássico assim.

RA: Em Sorocaba temos uma grande quantidade de bandas de qualidade, porém falta apoio do poder público e privado para que as coisas aconteçam.

Que mensagem você pode passar para as bandas e os gestores?

BN: Cara, para as bandas é ir, seguir tocando e tentar achar meios de fazer a própria parada dentro da própria cidade ou cidades vizinhas, se organizarem para divulgar as coisas. Sem organização não tem jeito, sacou? Não da pra ficar naquela de “ah sou músico a minha parada é tocar” já não existe mais isso. Tem que ta organizado.

E na versão dos caras, eles tem que se tocar, pq na verdade, faz uma diferença pra cidade ter uma cena. Você vê cidades que se mexeram sobre isso, eu lembro Goiânia, eu lembro que no começo, nos anos 90, Goiânia não tinha nada; Cidade do rock era Brasília, Brasília tinha tudo Goiânia não tinha nada, e os caras foram fazendo, fazendo, fazendo, e hoje em dia eles são considerados a cidade do rock. Goiânia nacionalmente, porque não ficaram “ah não da pra fazer” e ninguém se mexeu. E outra, na galera de banda, essa é uma coisa que fez muita diferença na cena de Recife, dentro de Goiânia também, além de tocar, tem que ter alguém com organização e crânio suficiente para se meter dentro das burocracias sacou?

Isso é fundamental porque hoje em dia ta relativamente fácil conseguir apoio dentro dos parâmetros se você fizer todos esses negócios tipo editagem e tudo mais, tipo saber mexer dentro da burocracia sacou? Pra pegar o apoio, não só ficar no “tenho uma banda me da uma grana ai pra por no cartaz” sacou? Não é isso na verdade.

A parada é você chegar e falar “tenho uma cota de patrocínio você reduzir não sei tanto no seu imposto e blá blá blá” é chato pra caralho mas funciona, e isso fez diferença tanto para Recife quanto pra Goiânia e todas as cidades que conseguiram evoluir dentro dessa parte, fazendo festival...

Sei lá agora, em Cuiabá... Final de semana que vem Festival Calango, então é a mesma coisa quando não estava se mexendo não tinha nada na cidade, se mexeu pegou a lei do incentivo e começou a rolar as paradas.

RA: E pra encerrar quais as expectativas hoje de tocar em Sorocaba, conhece alguma banda daqui? E na sua carreira quais os seus planos daqui pra frente?

BN: Então a minha expectativa pro show normalmente é não ter expectativa (risos) é uma parada que eu aprendi com o budismo, é lendo sobre budismo e tal e o preceito em alguns anos da minha vida tem feito uma diferença fodida.

E não conheço nenhuma banda daqui de Sorocaba no momento, acho que se não me engano conheci algumas coisas dos anos 90, mas agora não me lembro exatamente qual a parada então posso cometer alguma gafe.

Mas de coisas que eu to fazendo, to lançando o Turbo Trio que é uma banda eletrônica, no Brasil e Japão, ai estamos gravando o cd “to de freqüência nova” com o seletores de freqüência e to com a 3 bandas o turbo trio, o seletores de freqüência e o sound system que é a que vamos tocar hoje aqui. E estamos fazendo show direto, pelo Brasil todo e Europa e é bem maneiro.

RA: Cara muito obrigado! Super valido, bom show, e sucesso!

* Aldren Canuto é músico de Sorocaba e um cara que corre com entusiasmo pra fazer virar a cena independente.

2 comentários:

Misturativa Produções disse...

Ae !!!

Aldren representando forte !!

Tudo nosso.

RRR

Anônimo disse...

Dale Aldren! Parabéns pela entrevista, papo direto e sem enrolação! Nu e cru, como deve ser...
Ass.: Má Fer