terça-feira, 19 de maio de 2009

texto por: Maurício(Tijolo)
clique nas fotos das bandas e acesse os myspace.



Foi uma tarde bem ensolarada, de um final de semana frio, pra começar descrevendo com um clichê que o acontecido, que aqui vai ser contado, merece ter.

As 3 da tarde, num parque em Sorocaba, começou-se a descarregar amplificadores, bateria, guitarras, baixos e dois geradores movidos à gasolina dos porta-malas. No meio da grama ao lado da pista de skate foi montado tudo e um menino perguntava se alguma banda iria tocar algum som punk do guns’n roses...

Mais amigos foram chegando, sentando na grama, esperando o som começar, comemorando ao ver os geradores pegarem no tranco, e compartilhando um pouco da preocupação de que aquela apresentação, não oficial dentro da virada cultural de Sorocaba, poderia ser interrompida a qualquer momento pela polícia.

Mas de repente lá estava o Ari, vocalista da Encore Break, contra o sol, cantando as primeiras músicas e iniciando uma coisa que parte dos que estavam lá esperaram alguns anos pra ver acontecer. A idéia é simples, mas todo esse tempo nunca sobrou dinheiro, foi preciso esperar para que se encontrassem as vontades e a maneira simples de se pensar de cada um que estava ali ajudando.


Enquanto ia passando a apreensão do início, o folk rock da Encore foi embalando a bela visão dos moleques sentados na borda da pista, das pessoas que paravam no meio do caminho que levava ao show do Jorge Aragão, pra ouvir músicas que, se não fosse naquela ocasião, dificilmente poderiam ouvir, não só pela falta de interesse dessas pessoas pelo rock ou pelos músicos da própria cidade, mas também pelo paradigma da “cena” dos barzinhos que, mesmo impossível de viver sem, acaba recebendo sempre o mesmo público e prendendo as bandas num estranho estado de semi-reconhecimento.



Logo depois das belas melodias do Encore Break a figura de Rodrigo Ricardo, sem voz, tomou os microfones e fez a melhor apresentação da Inventiva que já vi! Mesmo que os próprios devam discordar de mim. Todos haviam tocado três dias seguidos e não tinham dormido, da guitarra base não se ouvia quase nada e mesmo assim o punk groovado, completamente sarcástico e gritado, com letras cada vez mais ácidas, foi a sujeira que muitos olhos vidrados que não entendiam bem o que acontecia ali estavam esperando há muito tempo ouvir da merda (com ou sem alho) de uma banda de rock!


Ia anoitecendo, muitos ficaram sentados olhando, outros mesmo com pressa paravam pela curiosidade, muitos só pelo fato de ver uma bateria e amplificadores arrumados no meio do parque esperavam pra ver o que ia acontecer.


Quando eram 18h30 o Ini começou a se espalhar pela grama, ocupando o espaço que por maior que seja acaba se tornando pequeno. Sempre carregando com eles a idéia de que a catarse não é só a conseqüência de uma apresentação, mas é a apresentação em si, esparramaram pelo parque, mesmo com todas as dificuldades de um equipamento de som pequeno, suas músicas densas, pesadas, com melodias tão marcantes e intensas quanto a entrega deles próprios à própria música...



Se dizem que a cidade de Sorocaba é lugar de ótimas bandas, desse dia em diante ela pôde passar a ser também o lugar de boas idéias e de uma postura honesta e de pau durescência... Postura essa que é hoje uma das poucas maneiras que resta pra se fazer a música, poesia, arte ou escambau, num mundo engessado pelo excesso de informação e a vontade publicitária de ser conhecido antes mesmo de dizer alguma coisa.


Abaixo um vídeo feito pelo Henrique Ravelli (INI):




3 comentários:

Raíssa - Acidogroove disse...

Engraçado como as cenas se repetem em varias cidades...aqui também foi assim!! No festival Novas Tendências - também na praça.
Parabéns pela iniciativa!!
É isso ai pessoal!!

Sidan Rogozinski disse...

Ação!
Jovens dando a cara pra bater na cara da galera. Foi como uma foda bem dada.
Paudurescência que não pode parar.

Aldren - Encore Break disse...

Agora ta começando a cair a ficha do que foi tudo isso...

Foda!